Este será um pequeno post sobre reforma previdenciária e sua eficácia no panorama atual da taxa de natalidade no Brasil.
O Presidente Michel Temer tem sinalizado que uma nova reforma
previdenciária será proposta, com a finalidade de acabar ou reduzir com o
alegado déficit nas contas da previdência (há quem conteste a
existência desse déficit, mas isso não é objeto deste post).
Como toda reforma previdenciária com tais objetivos, é certo que haverá
uma tentativa de elevação da idade mínima e do tempo de contribuição
para a aposentadoria. Argumenta-se que o "envelhecimento" da população
inviabilizará o sistema previdenciário caso não haja mudanças.
Ao que nos parece, qualquer reforma que pretenda unicamente obrigar as
pessoas a trabalharem por mais tempo e, consequentemente, se aposentarem
mais tardiamente fracassará. Isso porque o maior problema do sistema
previdenciário atual não está no meio (população economicamente ativa)
ou no topo (aposentados) da pirâmide populacional, mas na sua base! O
problema principal não é o aumento na expectativa de vida (longevidade)
do brasileiro, mas a diminuição da taxa de natalidade.
Ora, o sistema previdenciário funciona, grosso modo, como uma
pirâmide financeira. Enquanto o número de pessoas que nele ingressa for
maior do que o daqueles que estão no topo, a pirâmide se mantém íntegra,
mas quando a capacidade de captar novos participantes é reduzida, a
pirâmide entra em colapso.
É verdade que a população realmente está vivendo mais, o que,
obviamente, impacta nas contas da Previdência. Mas nenhum aumento de
idade mínima e de tempo de contribuição serão capazes de evitar um
colapso se a quantidade de novos participantes for paulatinamente
reduzida.
E é exatamente isso que está acontecendo no Brasil atualmente. Se você
faz parte da minha geração, provavelmente seus avós tiveram muitos
filhos (até mais de uma dezena), já a geração de seus pais reduziu esse
número para 3 ou 4 filhos. Agora observe a sua geração (seus colegas,
irmãos, primos etc.). Dificilmente encontrará um casal com mais de 2
filhos. Muitos tem apenas 1 e muitos outros nem isso.
Ou seja, demograficamente falando, a geração atual não será capaz sequer
de "repor" as perdas decorrentes da sua morte. Consequentemente a base
da pirâmide demográfica/previdenciária vai se reduzindo. Se as coisas
continuarem assim, a população do Brasil irá diminuir e a pirâmide irá
ficar de cabeça para baixo. Ninguém consegue sustentar um sistema
previdenciário assim, pelo menos não sem muito sacrifício e muita
injustiça. Imaginem as pessoas sendo obrigadas a trabalharem até 75, 80
anos de idade. Parece absurdo, mas se nada for feito para aumentar a
base da pirâmide, fatalmente se chegará a esse ponto.
Sem prejuízo de eventuais ajustes no meio e no topo da pirâmide
(aposentadorias mais tardias, que implicam em mais arrecadação e menos
gastos) é necessária uma ação governamental de fomento à natalidade.
Isso pode ser feito através de incentivos fiscais; oferta de creches e
escolas infantis de qualidade; desoneração e desburocratização da
contratação de babás etc. (exatamente o contrário do que o governo tem
feito).
Para terminar, vejam a pirâmide demográfica do ano 2000 (que já
apresentava estreitamento na base) e a prevista para 2035 (em cores mais
claras):
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