terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Prefeito se contradiz ao justificar venda da Praça de Esportes


Como antecipei no post do dia 03 de novembro do ano passado, o prazo em que o Prefeito gostaria que as obras que poderiam salvar sua reeleição fossem iniciadas (janeiro de 2012) era impraticável.

Janeiro já passou, estamos na metade de fevereiro, com o carnaval pela frente, e a Prefeitura sequer conseguiu concluir a licitação da venda de parte da Praça de Esporte (usada como mercadoria para gerar caixa para as obras pretendidas). Se não se consegue cumprir os prazos de uma simples licitação, que dirá o da execução da obra, que todos sabem, sempre sofre atrasos e adiamentos...

A licitação que foi aberta para alienação da área pública não teve interessados. Assim, haverá a necessidade de realização de uma nova, já que o Prefeito teimosamente insiste em seu propósito, apesar da manifestação em contrário de parcela significativa da sociedade.

Aos críticos ele responde que não existe "’posicionamento contrário da sociedade’ se esta for entendida como toda uma comunidade e não algum setor específico”. E acrescenta: “a reação contrária vem de algumas pessoas que nem moram em Montes Claros e outras daqui que padecem do excesso de saudosismo (embora nem mesmo frequentem a Praça de Esportes), além de algumas outras motivadas por razões puramente políticas”.

Contraditoriamente, esse mesmo Prefeito que não aceita a opinião de um “setor específico” da sociedade faz questão de defender a venda de parte da Praça afirmando que foram consultados tanto os desportistas da cidade como as pessoas ligadas à cultura. Ora, se um setor específico da sociedade (seja ele qual for, na visão do Prefeito) não retira a legitimidade de uma medida governamental, será que dois setores específicos (cultura e esporte) legitimam essa mesma medida? É importante lembrar que os setores supostamente consultados pelo Prefeito (não se sabe qual foi o critério para escolha dos representantes desses setores) são os que, em tese, serão mais beneficiados pelas obras que se pretende realizar com o dinheiro da venda da praça (um “majestoso estádio” e um “grandioso teatro”, nas palavras dele).

Além disso, o Prefeito ignora a opinião dos montesclarenses que “nem moram em Montes Claros”, mas leva em consideração a de outros que se encontram na mesma situação. Há quem afirme ser essa a situação do próprio chefe do Executivo, mas mesmo que isso não seja verdade, entre as personalidades ligadas à cultura que o Prefeito convidou para ouvir a proposta de construção do “grandioso teatro” está o ex-juiz de Direito Augusto Vieira, mais conhecido como “Augustão Bala Doce”, que, até onde eu saiba, reside em Belo Horizonte. Mais uma contradição do Prefeito.

O que eu vejo são várias pessoas se manifestando publicamente no “mural” do www.montesclaros.com.br contra a venda de parte da Praça de Esportes. Essas pessoas, ao contrário do afirmado pelo Prefeito, não parecem fazer parte de um único setor da sociedade montesclarense. Por outro lado, poucas são as vozes que se manifestam naquele local a favor da venda do patrimônio público – se é que existem, além do próprio autor da ideia.

Até mesmo os aliados do Prefeito já começam a pular fora da canoa furada em que a Administração Municipal se meteu. É o caso do Deputado Carlos Pimenta, que fez questão de dizer que não apóia a venda da Praça. Mas nem aos aliados o Prefeito dá ouvidos, ele deve preferir os bajuladores (que Maquiavel considerava um risco para qualquer governante).

Outra contradição observada nessa questão é que se a cidade vive um momento econômico tão bom, como noticiam diversas notas no portal eletrônico da Prefeitura, por que se precisa abrir mão de uma parte tão nobre do patrimônio municipal para se fazer obras não prioritárias? Afinal, um excelente momento econômico de uma cidade implica em maior geração de riquezas e, por consequência, maior arrecadação de tributos.

Infelizmente, parece que os recursos que sobram para fazer propaganda do governo municipal faltam para fazer obras. A prioridade tem sido dada para a publicidade, e as obras (necessárias ou não) ficam na dependência da venda da cidade. Dificilmente o Prefeito teria condições de se candidatar novamente se propusesse a venda de terrenos públicos para custear caríssimas inserções comerciais na TV, e na Veja, etc.. Então ele faz o contrário, gasta o dinheiro que tem com propaganda e consegue o resto vendendo áreas públicas, justificando que “a perda é pequena se comparada ao ganho”.

Com certeza a perda de coerência (com o uso de argumentos contraditórios) também deve parecer-lhe pequena perto do ganho político que pretende obter com seus “majestoso estádio” e “grandioso teatro”.