segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Uma pequena aula de Direito Administrativo

Neste momento, milhares de prefeitos Brasil afora se preparam para entregar seus cargos e outros tantos se preparam para assumi-los.

Apesar da evolução do Direito, ainda se vê, e muito, municípios em que o governante que sai faz questão de entregar aos sucessores uma Administração nas piores condições possíveis. Há casos de servidores com vencimentos atrasados; de contratos de serviços públicos essenciais não sendo renovados propositadamente (apesar de solicitado pelo administrador que assumirá o Município); lixo pelas ruas; buracos; dívidas; obras paralisadas; dilapidação do patrimônio público para pagamento de despesas corriqueiras, etc. Para isso o Direito ainda não encontrou solução eficaz.

Mas revendo o discurso de passagem de governo do ex-Prefeito de Montes Claros, Antônio Lafetá Rebello, ao seu sucessor, Pedro Santos, em 01 de fevereiro de 1971, percebe-se que não se precisa de leis para se evitar esse tipo de situação. Basta o governante querer, ter respeito com a coisa pública.

Em seu discurso de despedida, Toninho Rebello, ressaltou que entregava a Prefeitura com dinheiro em caixa, sem atrasos nos pagamentos há 4 anos, coisa rara hoje em dia.

A foto acima, na verdade representa um discurso proferido durante uma reunião da Sudene, em Montes Claros. À direita do Prefeito Toninho Rebello, o então Governador Israel Pinheiro.


Além disso, fez questão de pedir os cidadãos que pagassem em dia os seus impostos, para que a Administração que assumiria não enfrentasse as dificuldades que ele havia enfrentado depois da campanha do “não pague impostos”, perpetrada contra a sua Administração.  Ao contrário dos governantes de hoje, ele não desejava o pior para seu sucessor.

Outro ponto interessante em seu discurso foi dizer que “a administração não muda com a mudança dos administradores”. A única impropriedade dessa frase foi o uso da expressão “administração” (significando Administração Pública) com inicial minúscula, porque a “administração” (forma de administrar) muda, mas a Administração Pública (o ente administrado) é o mesmo. Sendo assim, não há legalidade em se recusar o pagamento de fornecedores e de pessoal que prestou serviço durante o mandato anterior sob a alegação que era “dívida do outro prefeito”.

A propósito, essa alegação – de que a dívida é do prefeito anterior – também contraria um dos princípios basilares da Administração Pública, trazidos pela Constituição de 1988, o princípio da “impessoalidade”. Por ele os feitos governamentais não são atribuíveis ao governante, mas à pessoa jurídica por ele administrada. Sob outro prisma, esse princípio também determina que o administrador não pode direcionar sua conduta para beneficiar ninguém de forma específica, pessoal  (obviamente que o Direito também não permite prejudicar deliberadamente uma comunidade inteira, por maior que seja...).

O curioso é que, já no ano de 1971, Toninho Rebello utilizava-se da expressão “impessoal” ao tratar de sua administração. Também já se valia do termo “moralidade”, outro dos princípios da Administração Pública que só viria a ser incluído na Constituição de 1988. Ademais, também se pode ler em seu discurso referências a “planejamento” e a “interesse da comunidade” (interesse público).  São expressões que os Administradores de hoje deveriam conhecer há muito tempo, mas que muitas vezes não as colocam em prática.

A conclusão a que se chega é que não é necessária a existência de uma lei para que se faça um governo verdadeiramente voltado ao interesse público. Por outro lado, constata-se, tristemente, que as leis atualmente existentes não tem se mostrado eficazes para exigir-se dos Administradores Públicos o cumprimento de suas determinações. 


Abaixo o original do discurso do então Prefeito, Toninho Rebello. Quando tiver disponibilidade de tempo, pretendo transcrevê-lo para formato de texto.


Para visualização em tamanho ampliado, basta clicar com o botão direito do mouse e selecionar "abrir em nova guia" ou equivalente.










terça-feira, 7 de agosto de 2012

CHEGOU A HORA DA MENTIRA

Por Jorge Silveira







(Gosto muito dos textos do Jornalista Jorge Silveira. Aproveitei esse para desengavetar algumas fotos históricas de Montes Claros, que, até hoje, foram ignoradas pelo montesclaros.com)
 
No Brasil, campanha política é geralmente hora da mentira, quando os candidatos prometem mundos e fundos, sem a menor intenção de cumprir. O que o prefeito Tadeu Leite cumpriu do muito que prometeu na campanha política de 2008? Por acaso ele construiu o Centro de Convenções? Pelo menos iniciou as obras do estádio municipal (Mocão)?  Qual das muitas obras prometidas ele realizou? O povo tem memória muito curta – ou gosta de ser enganado – pois se passaram quatro anos e não se viu ninguém cobrando nada do prefeito. As entidades de classe, os clubes de serviço, a egrégia câmara municipal, grande parte da imprensa, todo mundo em momento algum teve coragem de cobrar as promessas feitas. Pela omissão de todos, chegou-se ao fim de mais um mandato sem que fossem realizadas nenhuma das muitas obras de infraestrutura que a cada dia a cidade mais reclama e que se tornam mais urgentes.

Inicia-se nova campanha política, novo prefeito será eleito agora em outubro e as promessas estão de volta. Todos eles prometerão aquilo que o povo quer ouvir: melhorias na saúde e na educação; asfaltamento de ruas; mais atenção com o trânsito; combate à criminalidade; construção do estádio municipal (mais uma vez) e de um centro de convenções; orçamento participativo; revitalização da praça de esportes (já que o prefeito atual queria vendê-la); complementação da Avenida Sidney Chaves (que continua sendo uma avenida que vai do nada para lugar nenhum);  continuação das obras das avenidas dos córregos Bicano e Pai João (iniciadas na gestão Athos Avelino e abandonadas por Tadeu). Estas promessas sem dúvida estarão no plano de todos os candidatos, temperadas com mais algumas outras fantasias capazes de enganar de forma objetiva o eleitor mal informado e politicamente desinteressado.

Implantação da rede de esgoto

O último prefeito de Montes Claros que assumiu com um programa de governo factível e que cumpriu item por item tudo que prometera foi o ex-prefeito Antônio Lafetá Rebello. Tanto em seu primeiro mandato (67/70), como no segundo (77/82), cumpriu rigorosamente o planejamento que havia elaborado. Nas duas vezes lançou, no dia em que assumiu, um programa de obras para os primeiros cem dias, com a finalidade de reorganizar a bagunça recebida do antecessor (primeiro de Pedro Santos, depois de Moacir Lopes). Passados os cem dias, ele tinha prontos os projetos que iria implantar, com as fontes de financiamentos definidas. Foi assim que no primeiro mandato construiu toda a rede de esgotos do centro da cidade, em convênio com o DNOCS (toda a área central não tinha rede de esgoto); asfaltou praticamente toda a cidade existente na época, preservando apenas as ruas já calçadas com paralelepípedos ou bloquetes; construiu o Centro Cultural e o Parque Municipal; levou água, energia e telefone para todos os distritos; construiu dois mercados municipais (um na esquina da rua Joaquim Costa com Belo Horizonte, outro na Melo Viana). Fez tudo isso e muito mais porque tinha planejamento. Concluiu seu primeiro mandato entregando ao sucessor um Plano Diretor pronto e aprovado, para ser executado nos 20 anos subseqüentes. Infelizmente, o Plano Diretor foi derrubado na gestão do ex-prefeito Moacir Lopes.


No segundo mandato, Toninho Rebello preparou um planejamento que iria mudar completamente os ares provincianos de Montes Claros, construindo a Avenida Deputado Esteves Rodrigues (Sanitária), em todo o curso do rio Vieira, que era um esgoto a céu aberto cortando grande parte da cidade. 
A obra foi toda financiada pelo Programa Cidades de Porte Médio, a fundo perdido. Construiu também a atual rodoviária, inaugurada em 1982, e que até hoje é uma das melhores do estado. Realizou várias outras obras, como o Anel Rodoviário norte, o grande lago na região apelidada de Interlagos, e deixou para seu sucessor uma infinidade de projetos aprovados pelo Programa Cidades de Porte Médio, com os recursos disponíveis na CEF. Mas nada foi realizado como previsto pelo prefeito seguinte, Tadeu Leite, que jogou no lixo todo o planejamento que recebera de seu antecessor.

Construção da Rodoviária
Multidão presente na inauguração do Terminal Rodoviário, em 1982, evento que contou com a presença do então Presidente João Figueiredo
Um dos projetos elaborados por Toninho Rebello seria ressuscitado alguns anos depois pelo prefeito Jairo Ataíde, a avenida José Correa Machado (que levou o nome exatamente de um de seus projetistas). Por sua execução Ataíde é lembrado até hoje, já que aquela avenida foi a última grande obra construída na cidade com a finalidade de desafogar o trânsito. Provavelmente por esta lembrança, Jairo Ataíde lidere as pesquisas, pois dos outros prefeitos, não há muito para se lembrar. Todos prometeram muito e cumpriram muito pouco. Infelizmente, propaganda enganosa de candidato não pode ser denunciada ao Procon. E com isso, os problemas se acumularam a tal ponto que alguns deles hoje são quase insolúveis.

Seria conveniente, pois, que os candidatos que aí estão, antes de qualquer promessa, elaborassem um programa de governo viável e que pudesse ser cumprido. Melhor prometer pouco e realizar o prometido do que encher o povo de mentiras e bazófias que se perderão com o vento. Montes Claros não suporta mais administradores incompetentes, que só pensam em seus interesses pessoais e políticos. A cidade está precisando, faz tempo, de um prefeito de verdade. Não de promessas de nenhum mentiroso.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Prefeitura de Montes Claros paga milhões a empresa de publicidade acusada de desviar dinheiro do INCRA



Pesquisando no site da prefeitura de Montes Claros, encontrei informações sobre os gastos com publicidade da Administração Tadeu Leite.
Infelizmente só foi possível ter acesso aos pagamentos compreendidos entre o final de maio de 2010 e dezembro de 2011, já que a Prefeitura de Montes Claros não cumpre nem a Lei de Responsabilidade Fiscal (alterada pela Lei Complementar n. 131 de 2009); nem o art. 16 da Lei n. 12.232 de 2010 (que trata da contratação de serviços de publicidade); nem a Lei de Acesso à Informação. Todas essas normas determinam a divulgação dessas informações pela internet, mas a Prefeitura não divulga nem mediante requerimento (como pude constatar).
Ainda assim, foi possível identificar informações interessantes.
No período acima, foram identificados diversos pagamentos diários, em valores significativos a uma empresa chamada CASABLANCA COMUNICACAO E MARKETING LTDA.
Uma pesquisa no Google revelou que essa empresa foi denunciada pelo Ministério Público Federal por suspeita de desvio de recursos públicos do INCRA. Mesmo assim a Prefeitura de Montes Claros a contratou (sabe-se lá como, já que ela não divulga todas as licitações que faz) e, posteriormente, no ano de 2011, renovou seu contrato sem licitação. Uma licitação havia sido aberta para contratar uma nova empresa, contudo, essa licitação foi revogada em 20 de setembro de 2011, sob a alegação de que a manutenção do contrato anterior, com a Casablanca, seria mais econômico, “além da excelente qualidade dos serviços contratados”.
Aparentemente a Prefeitura sequer esperou para ver as propostas nessa nova licitação, já que não há referência a essa informação no documento que divulgou o cancelamento dessa licitação.
Vamos aos números ($$):
O total de pagamentos feitos à Casablanca, nesses menos de 2 anos, foi de R$ 4.482.718,73, quase quatro milhões e meio de reais. Mais que dobro do que o Município gastava anualmente com merenda escolar (antes da terceirização, que multiplicou por 6 os gastos com merenda escolar, como apurou a Operação Laranja com Pequi, da Polícia Federal).
Além do montante global, impressiona também o aumento dos gastos de um ano para o outro.
No ano de 2010 (entre 31 de maio e 31 de dezembro), foram gastos R$ 802.741,05, média de R$ 114.677,29 por mês (deixamos de considerar nesse cálculo o mês de maio, porque somente havia dados disponíveis a partir do dia 27 daquele mês, só sendo identificado um único pagamento, de R$ 3.497,71, no dia 31). Já no ano de 2011, os pagamentos atingiram a impressionante cifra de R$ 3.679.977,68, perfazendo uma média mensal de R$ 306.664,80. Em 2011 gastou-se, em média, quase três vezes mais que no ano anterior. Em 2012, embora a Prefeitura não divulgue, os  gastos com publicidade devem estar muito acima disso, já as inserções televisivas tornaram-se muito mais frequentes  neste ano eleitoral.
Pelo gráfico abaixo, pode-se observar que apenas 4 meses de 2011 apresentaram gastos inferiores aos dos meses de maiores gastos do ano anterior.
 
No mês de junho de 2011, a Prefeitura pagou mais de meio milhão de reais para a Casablanca. Mas o maior gasto foi no mês de novembro de 2011, nada menos que R$ 712.456,76.
Coincidentemente, foi nesse mês que a Revista Veja publicou uma notinha elogiosa à Montes Claros, em uma matéria sobre diversas cidades do Brasil. No dizer da Assessoria de Comunicação da Prefeitura: “A edição da revista Veja de 2 de novembro de 2011 inclui o maior município do Norte de Minas no rol dos campeões de riqueza e bem-estar do Brasil”. No dia primeiro de novembro, um dia antes de a revista circular, a Prefeitura efetuou um pagamento de R$ 272.405,47, o maior desembolso diário em todo o período pesquisado!
Provavelmente, em 2012 tenha havido ou haverá uma nova prorrogação do contrato com a Casablanca, afinal, em time que está “ganhando” e prestando “excelentes serviços”, não se mexe. Se em 2011 a média foi de R$ 306.000,00, hoje a Prefeitura deve estar gastando mais de R$ 400.000,00 por mês.
Felizmente essa farra tem data para terminar, já que a lei eleitoral proíbe a publicidade institucional a partir do dia 7 de julho (3 meses antes da eleição).  Mas, até lá, milhões e milhões terão sido gastos para nos mostrar uma cidade cenográfica, que só existe na TV, na tentava de fazer com que a vida imitasse a arte. Infelizmente não é assim que as coisas funcionam.

ATUALIZAÇÂO (05/07): Nos últimos dias não vi nenhuma propaganda da Prefeitura de Montes Claros, ao contrário do que vinha acontecendo. O prazo da lei eleitoral ainda é dia 07. Será que Tadeu não vê mais necessidade de propaganda já que não vai mais se candidatar?

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Leis Ordinárias



No último dia 12 de maio foram sancionadas tantas leis sobre “dia nacional do...” que provavelmente Deputados e Senadores serão obrigados a aumentar os dias do calendário, porque, em pouco tempo, não haverá mais data para encaixar tantos “dias nacionais”.
Alguns exemplos:
Dia Nacional de Valorização da Família;
Dia Nacional de Luta dos Acidentados por Fontes Radioativas (isso deve ser mais comum do que a gente imagina);
Dia Nacional de Segurança e de Saúde nas Escolas;
Dia Nacional da Umbanda;
Dia Nacional da Silvicultura;
Dia Nacional do Quilo (“Fi-lo, porque qui-lo”);
Dia Nacional dos Direitos Humanos;
Dia Nacional do Securitário;
Dia Nacional do Movimento Municipalista Brasileiro;
Dia Nacional do Jogo Limpo e de Combate ao Doping nos Esportes;
Dia Nacional de Conscientização e Incentivo ao Diagnóstico Precoce do Retinoblastoma;
Dia Nacional do Suinocultor;
Dia Nacional do Artesão;
Dia Nacional da Educação Ambiental;
Dia Nacional do Ouvidor;
Dia Nacional das Hemoglobinopatias;
Dia Nacional do Reggae;
Dia Nacional de Combate e Prevenção à Trombose;
Dia Nacional do Paisagista;
Dia Nacional dos Portadores de Vitiligo;
Dia Nacional do Turismo;
Dia Nacional da Música Popular Brasileira;
Dia do Aniversário do Buda Shakyamuni;
Dia Nacional do Atleta Paraolímpico;
Dia Nacional do Maquinista Ferroviário;
Dia Nacional do Cooperativismo de Crédito.
Com tantas leis sancionadas em um único dia, acho que o próximo passo será declarar o dia 12 de maio como o “Dia Nacional dos Dias Nacionais”.
Será que esses políticos não tem mais o que fazer?
Mas pelo menos uma dessas leis é muito justa...  aquela que institui o Dia Nacional da Advocacia Pública, a ser comemorado no dia 7 de março. Ano que vem não se esqueçam....

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Justiça suspende taxa de turismo de Montes Claros

O Procurador Geral de Justiça, Alceu José Torres Marques, ingressou no Tribunal de Justiça do Estado com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade contra a Lei Complementar n. 33/2010, que Tadeu fez aprovar na Câmara, criando a famigerada Taxa de Turismo.

Segundo o Procurador Geral, a taxa em questão é inconstitucional porque lhe faltam os requisitos de divisibilidade e especificidade, previstos na Constituição Federal, ou seja,  só é cabível a cobrança de taxa para fazer face aos serviços públicos que “puderem ser destacados em unidades autônomas de intervenção, de utilidade ou de necessidade públicas e forem suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um de seus usuários”.

Outro fundamento da ação é a violação do princípio da isonomia (ou da igualdade), pois, segundo Ministério Público, todos os turistas e visitantes da cidade usufruem igualmente dos serviços prestados pelo Poder Público (o mais correto seria dizer que todos deixam de usufruir igualmente dos serviços que o Município deveria mas não presta...).

Enquanto diversos governantes pelo mundo fazem de tudo para atrair turistas, nosso prefeito resolve criar um tributo sobre os que visitam nossa cidade. Felizmente o Tribunal de Justiça concedeu liminar ao Ministério Público e suspendeu a vigência da Lei.

A liminar foi concedida no dia 29 de março pelo Desembargador Dárcio Lopardi.

Olhar pelo retrovisor - Jorge Silveira



O ex-prefeito Jairo Ataíde disse outro dia, em entrevista no programa Frente a Frente, que foi o prefeito que mais asfaltou ruas em Montes Claros, em torno de 400 quilômetros. Certo que ninguém foi lá medir para saber ao certo, mas é bem possível que Toninho Rebello tenha sido campeão neste setor de pavimentação de ruas, numa época em que a cidade praticamente não conhecia asfalto. As ruas centrais eram pavimentadas  com paralelepípedo ou bloquete. Asfalto apenas num pequeno trecho da avenida Magalhães Pinto, no acesso  à Vila Ipê (hoje Edgar Pereira), feito na gestão de  Pedro Santos, que ganhou o asfaltamento do governador Magalhães Pinto (razão de a avenida ter sido batizada com o seu nome).

Em seus dois mandatos, Toninho Rebello asfaltou os bairros São José, Todos os Santos, Jardim São Luiz, Funcionários, Cândida Câmara, Santo Expedito, Vila Guilhermina, Roxo Verde, Vila Brasília, Morrinho e Panorama. E as vias de acesso para os Santos Reis, Santo Antônio, Delfino, São Judas, Esplanada, Vila Anália, enfim, todos os bairros existentes na época. E toda a área central. É bom ressaltar que naquele tempo era tudo poeira, inclusive em parte da área central. A rua Governador Valadares, por exemplo, era calçada com paralelepípedo apenas da praça Dr. Carlos até a avenida Cel Prates. O resto era poeira. Como ela, várias outras ruas centrais. Mais adiante, o prefeito Moacir Lopes viria colocar asfalto nas ruas do centro que eram calçadas com paralelepípedo, colocando o novo piso por cima do velho. Por isso, com o asfalto hoje muito desgastado,se vê claramente os paralelepípedos por baixo.

A grande vantagem do asfaltamento feito por Toninho era sua excelente qualidade. Não era asfalto que se desmanchava com qualquer chuvinha, como outros que foram feitos depois por outros prefeitos. O melhor exemplo é a avenida Mestra Fininha, de acesso ao Parque Municipal, que Toninho asfaltou na década de 70 e até hoje ainda é a pista de melhor piso em toda a cidade. Ou seja, já durou 30 anos. Se ele fazia assim bem feito, porque outros não podem fazer o mesmo? A diferença é que Toninho nunca fez asfalto eleitoreiro, apenas para demagogicamente ganhar votos.

Mas o mais importante e que pouca gente hoje sabe, mas que é talvez a principal razão da ótima qualidade do asfaltamento feito na administração do prefeito Toninho Rebello: a prefeitura cobrava o asfalto do proprietário beneficiado, através da taxa de Contribuição e Melhoria. Cada proprietário pagava um terço do asfalto feito em sua porta. A prefeitura custeava o resto. Apenas o acesso aos bairros não foi cobrado. Os prefeitos que vieram depois (eTadeu foi quem iniciou o processo), por simples demagogia e interesses eleitoreiros, passaram a realizar asfaltamento gratuito.Em compensação, de péssima qualidade. Procure-se hoje um piso asfaltado por Tadeu na década de 80 e que ainda esteja em condições razoáveis: quem encontrar ganha um prêmio.

Para recompor o piso asfáltico de toda a cidade, que literalmente acabou, o próximo prefeito poderia perfeitamente utilizar o mesmo critério adotado por Toninho Rebello: cobrar a Contribuição e Melhoria. É certo que o povo vai gritar, pois ficou mal acostumado, mas é preferível um asfalto de boa qualidade com longo prazo de duração, do que o asfaltamento que se faz hoje, que não dura sequer o próprio mandato do prefeito. Mas será que vamos  ter um prefeito que tenha esta coragem? Afinal, é muito mais fácil enganar o eleitor com qualquer porcaria, ainda que seja dinheiro jogado fora. A operação “tapa buraco” que se faz todos os anos, nada mais é do que o nosso dinheirinho escorrendo pela ralo.

Seja como for,  o próximo prefeito vai ter que encarar a recomposição do piso asfáltico  pelo menos de toda a área central da cidade, pois como está não dá para ficar. Chegou-se ao ponto de esgotamento total. Curativo não resolve mais. Tem que ser cirurgia completa. Todos os candidatos vão prometer na campanha política que farão. Promessa é muito fácil de ser feita e depois não ser cumprida. A presidente Dilma prometeu na campanha construir seis mil creches durante o seu mandato. O primeiro ano já se foi e ela não construiu nenhuma até agora. Por isso o eleitor precisa ficar atento e não votar naqueles que prometem durante a campanha e depois não cumprem. Saber quem são estes é muito fácil. Basta olhar pelo retrovisor.

Originalmente publicado em:  http://jnnoticias.com/default.aspx?tag=jorge%20silveira&page=pesquisa.aspx

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Prefeito se contradiz ao justificar venda da Praça de Esportes


Como antecipei no post do dia 03 de novembro do ano passado, o prazo em que o Prefeito gostaria que as obras que poderiam salvar sua reeleição fossem iniciadas (janeiro de 2012) era impraticável.

Janeiro já passou, estamos na metade de fevereiro, com o carnaval pela frente, e a Prefeitura sequer conseguiu concluir a licitação da venda de parte da Praça de Esporte (usada como mercadoria para gerar caixa para as obras pretendidas). Se não se consegue cumprir os prazos de uma simples licitação, que dirá o da execução da obra, que todos sabem, sempre sofre atrasos e adiamentos...

A licitação que foi aberta para alienação da área pública não teve interessados. Assim, haverá a necessidade de realização de uma nova, já que o Prefeito teimosamente insiste em seu propósito, apesar da manifestação em contrário de parcela significativa da sociedade.

Aos críticos ele responde que não existe "’posicionamento contrário da sociedade’ se esta for entendida como toda uma comunidade e não algum setor específico”. E acrescenta: “a reação contrária vem de algumas pessoas que nem moram em Montes Claros e outras daqui que padecem do excesso de saudosismo (embora nem mesmo frequentem a Praça de Esportes), além de algumas outras motivadas por razões puramente políticas”.

Contraditoriamente, esse mesmo Prefeito que não aceita a opinião de um “setor específico” da sociedade faz questão de defender a venda de parte da Praça afirmando que foram consultados tanto os desportistas da cidade como as pessoas ligadas à cultura. Ora, se um setor específico da sociedade (seja ele qual for, na visão do Prefeito) não retira a legitimidade de uma medida governamental, será que dois setores específicos (cultura e esporte) legitimam essa mesma medida? É importante lembrar que os setores supostamente consultados pelo Prefeito (não se sabe qual foi o critério para escolha dos representantes desses setores) são os que, em tese, serão mais beneficiados pelas obras que se pretende realizar com o dinheiro da venda da praça (um “majestoso estádio” e um “grandioso teatro”, nas palavras dele).

Além disso, o Prefeito ignora a opinião dos montesclarenses que “nem moram em Montes Claros”, mas leva em consideração a de outros que se encontram na mesma situação. Há quem afirme ser essa a situação do próprio chefe do Executivo, mas mesmo que isso não seja verdade, entre as personalidades ligadas à cultura que o Prefeito convidou para ouvir a proposta de construção do “grandioso teatro” está o ex-juiz de Direito Augusto Vieira, mais conhecido como “Augustão Bala Doce”, que, até onde eu saiba, reside em Belo Horizonte. Mais uma contradição do Prefeito.

O que eu vejo são várias pessoas se manifestando publicamente no “mural” do www.montesclaros.com.br contra a venda de parte da Praça de Esportes. Essas pessoas, ao contrário do afirmado pelo Prefeito, não parecem fazer parte de um único setor da sociedade montesclarense. Por outro lado, poucas são as vozes que se manifestam naquele local a favor da venda do patrimônio público – se é que existem, além do próprio autor da ideia.

Até mesmo os aliados do Prefeito já começam a pular fora da canoa furada em que a Administração Municipal se meteu. É o caso do Deputado Carlos Pimenta, que fez questão de dizer que não apóia a venda da Praça. Mas nem aos aliados o Prefeito dá ouvidos, ele deve preferir os bajuladores (que Maquiavel considerava um risco para qualquer governante).

Outra contradição observada nessa questão é que se a cidade vive um momento econômico tão bom, como noticiam diversas notas no portal eletrônico da Prefeitura, por que se precisa abrir mão de uma parte tão nobre do patrimônio municipal para se fazer obras não prioritárias? Afinal, um excelente momento econômico de uma cidade implica em maior geração de riquezas e, por consequência, maior arrecadação de tributos.

Infelizmente, parece que os recursos que sobram para fazer propaganda do governo municipal faltam para fazer obras. A prioridade tem sido dada para a publicidade, e as obras (necessárias ou não) ficam na dependência da venda da cidade. Dificilmente o Prefeito teria condições de se candidatar novamente se propusesse a venda de terrenos públicos para custear caríssimas inserções comerciais na TV, e na Veja, etc.. Então ele faz o contrário, gasta o dinheiro que tem com propaganda e consegue o resto vendendo áreas públicas, justificando que “a perda é pequena se comparada ao ganho”.

Com certeza a perda de coerência (com o uso de argumentos contraditórios) também deve parecer-lhe pequena perto do ganho político que pretende obter com seus “majestoso estádio” e “grandioso teatro”.


terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O asfalto chega a Montes Claros

O atual prefeito de Montes Claros comemora em uma mensagem divulgada na internet, o asfaltamento de 40 km de ruas na cidade. Talvez o dobro (ou mais) disso deveria ser imediatamente "reasfaltado" para deixar a cidade em condições decentes de pavimentação, apresentação e trafegabilidade (especialmente depois da infestação de buracos observada no ano passado, cuja solução adotada não passa de um paliativo mal feito - a maneira correta de tampá-los exige que eles sejam previamente transformados em quadrados ou retângulos). 

Já que o prefeito quer mostrar seus 40 km de asfalto resolvi postar algumas fotos do primeiro asfaltamento que Montes Claros conheceu, que ocorreu há cerca de 40 anos. Na época, com a cidade muito menor e muito menos rica que a de hoje, a prefeitura entregou nada menos que 30 km de asfato de qualidade (parte dele ainda deve resistir até hoje, apesar do abandono). Então, fica a pergunta: se 40 atrás, gastando responsavelmente as verbas públicas, foi possível fazer pelo menos 30 km de asfalto, será que atualmente 40 km é motivo de orgulho e comemoração?