Primeiro de maio, ou 1º de abril?

A Prefeitura de Montes Claros não se cansa de alardear que atualmente a cidade é a terceira maior empregadora de Minas (geração de novos empregos), atrás penas de Belo Horizonte e Uberlândia.

Durante os festejos em comemoração ao dia do trabalhador, no Parque Municipal, o prefeito Luiz Tadeu Leite, chegou a anunciar que a provável instalação da fábrica da BMW na cidade geraria mais 5.000 (cinco mil) empregos diretos (além dos indiretos). Também foi dito que a empresa que Call Center que se instalou na cidade já emprega cerca de 1.000 (mil) pessoas e que empregará mais 500 (quinhentas).

São números bons para serem anunciados em um dia festivo, em que a maioria das pessoas que irá ouvi-los sentirá que a cidade está “melhor a cada dia” (como diz o slogam da Prefeitura), mas dificilmente essas pessoas irão fazer as contas para saber se realmente esses empregos foram criados. Principalmente porque muitos são pura expectativa, embora o prefeito já os esteja contabilizando, valendo-se deles para aumentar sua popularidade (desgastada pela questão do IPTU e da Taxa de Coleta de Lixo) e de seu filho Tadeuzinho (sempre citado no sítio oficial da Prefeitura).

Em relação à BMW, por exemplo, como se trata de uma montadora de veículos de luxo, dificilmente haveria necessidade de tantos trabalhadores diretos. Para se ter uma ideia, no ano passado a BMW vendeu apenas 8.400 veículos no Brasil. Já a Fiat que está investindo R$ 3 bilhões na construção de uma fábrica em Pernambuco, irá gerar apenas 3,5 mil empregos diretos, em uma unidade com capacidade para produzir 200 mil veículos por ano e que ocupará uma área de 4,4 milhões de metros quadrados (mais que o dobro dos 2 milhões solicitados à Prefeitura para a BMW).

Não obstante, qualquer emprego gerado pela BMW seria bem-vindo, contudo, o vazamento de informações provocado pelo Prefeito pode ter comprometido a vinda da montadora alemã para a cidade, conforme citado em post anterior.

Esse panorama negativo foi agravado pelo veto que a “mineira” Dilma impôs a uma emenda do Senador Aécio Neves, que incluía a área mineira da Sudene nos benefícios fiscais criados por Media Provisória no governo Lula. Essa MP trata de isenções fiscais para o setor automobilístico e teve por escopo exatamente a instalação da nova planta na Fiat em Pernambuco, Estado natal do ex-presidente (tanto que ficou conhecida como a MP da Fiat).  

Lula fez questão tirar de Minas essa fábrica (que provavelmente seria instalada no Estado, onde a montadora italiana atua há décadas). Já a Dilma, que tanto se valeu de sua “mineirisse” para ganhar votos no Estado, fez questão de nos prejudicar, vetando uma norma que visava compensar os danos causados por Lula e que incluiria toda a região da Sudene na área abrangida pelos incentivos fiscais.

Para concluir, voltando aos números citados no início deste post, que asseguram que Montes Claros é a terceira maior em geração de empregos no Estado, o Ministério do Trabalho divulgou dados que desmentem essa informação. Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério (CAGED), Montes Claros gerou, nos últimos 12 meses, 4.864 vagas (já descontadas as dispensas de trabalhadores), menos que Belo Horizonte (77.935); Uberlândia (13.146); Contagem (10.279); Betim (8.335); Uberaba (5.684) e Juiz de Fora (5.662). Ou seja, estamos em 7º (sétimo) lugar em geração de emprego, o que implica que cidades menores, como Uberaba, geraram mais empregos que Montes Claros. Dessa colocação não sairíamos nem se já tivessem sido criadas as 500 novas vagas no Call Center, prometidas pelo Prefeito (ficaríamos com 5.364).

Como se vê, pelo menos em relação à geração de empregos, Montes Claros, ao contrário da propaganda oficial, não se destaca em relação a outras cidades, nem está melhor a cada dia. Ao contrário, fomos ultrapassados por cidades menores, embora, com certeza, tenhamos mais desempregados que as cidades que nos superaram nesse quesito. E a tendência é ficarmos ainda mais para trás, pois a vinda da BMW está cada vez mais improvável, graças à dupla de aliados políticos, Dilma (PT) e Tadeu (PMDB – partido do Vice-Presidente, Michel Temer).

A festa acabou, e o 1º de maio do montesclarense está mais para 1º de abril.