A presidente Dilma disse ontem ao
Fantástico que para dar saúde de qualidade tem que “tirar dinheiro de algum
lugar”.
Se tem que tirar de algum lugar,
penso que as opções são duas:
1 – tirar do próprio governo, que
deve escolher melhor suas prioridades, reduzindo, por exemplo, a verba de
publicidade; os cartões corporativos; o número de Ministérios - que cresce a cada novo governo; ou
2 – tirar do bolso do brasileiro, que já não aguenta
mais pagar tantos impostos para vê-los
ser desviados para os bolsos de
Ministros, empreiteiros, etc.
Na minha concepção, o termo “administrar”
possui, implícita, a idéia de recursos insuficientes e limitados. Se os
recursos financeiros são ilimitados e/ou suficientes para implementar qualquer
medida que se pretenda, então não é preciso administrar nada, basta pegar a
quantia necessária e gastar com o que se quer (com a garantia que qualquer
outra medida que se deseje tomar já possui a correspondente provisão de
recursos assegurada).
Então, se os governantes, que voluntariamente se ofereceram para
administrar nosso país , não dão conta do recado, não é justo que o brasileiro
comum, que por força da necessidade
tenta administrar o próprio orçamento doméstico, tenha a sua renda ainda mais
reduzida por culpa da incompetência dos governantes.
A Dilma, quando em campanha,
falava muito em melhorar a saúde, falava muito em construir UPAs (unidades de pronto
atendimento), etc., mas em nenhum momento ela falou que precisaria aumentar os
impostos para cumprir essas promessas. Agora vem dizer que não tem recurso!
O PT quando era oposição (na verdade,
até hoje) vivia dizendo que o PSD B aumentou impostos. Quem não se lembra
daquela propaganda eleitoreira do PT – no período que antecedeu à campanha da
Dilma – que mostrava uma montanha russa e dizia que o governo anterior aumentou
impostos? O curioso é que a CPMF , que foi criada no governo de Fernando
Henrique Cardoso, era um imposto provisório e quando ela finalmente iria
acabar, o PT – já no governo – fez de tudo para não ficar sem ela. Ou seja, o
PSDB criou um imposto provisório que
o PT não queria deixar acabar.
Ainda na entrevista dada ao Fantástico
a presidente disse: “Nós tiramos 40 milhões de pessoas da pobreza. (...) O meu
maior compromisso é garantir para esses 40 milhões, mais os outros que já
usavam, garantir educação pública de qualidade, saúde de qualidade e segurança
pública de qualidade”.
Pronto, presidente! Resolvi o seu problema. Você pediu
para te falarem de onde iria sair o dinheiro para a saúde – já que não tem
competência para fazer isso sem aumentar impostos. Eu te digo! Se sua
prioridade é saúde, educação, e segurança pública, pode tirar dinheiro de qualquer
outro programa. São 40 Ministérios, pelo menos.
Dá para tirar de 37 para colocar nos 3 que cuidam das áreas que você
considera prioritárias (espero não precisar explicar o que significa prioridade).
Se quiser (só se quiser, ou se a imprensa pegar muito no seu pé), pode até
tirar da corrupção. Só não venha tirar do bolso do brasileiro, que em seu
orçamento não tem tantos “ministérios” assim, de onde possa tirar mais uma
parcela de seu salário.